A Reserva Indígena Guarani
do Rio Silveira está localizada na Mata Atlântica
e faz divisa com os municípios de Bertioga e São
Sebastião. Situada na Região Sul do município
no bairro de Boracéia, está a 60 KM aproximadamente
do Centro Histórico de São Sebastião.
Um belíssima praia de areias muito brancas e água verde clarinha, está há menos de 1 km distante da reserva, que é privilegiada pela riqueza da vegetação. Montanhas e cachoeiras ficam ao final, onde uma água muito limpa escorre pelas pedras milenares, embelezando ainda mais a paisagem.
Mesmo com a invasão do branco
nas comunidades indígenas, seja para apoiar ou por
curiosos, a cultura indígena dos Guaranis vem se mantendo,
pois sua característica de vida reflete em sua cultura.
Na Reserva do Rio Silveira, a cultura vem se mantendo e a
cada evento realizado se reforçando, pois as tradições
indígenas vem sendo passadas através da oralidade pelos ancestrais.
Os índios
tem como moradia pequenas casas construídas em pau-a-pique
coberta com palha e ou casas construídas com madeira
da própria Aldeia, coberta com piaçava. A alvenaria, a madeira e a palha se misturam em sua construção, trazendo características indígenas bastante pronunciadas, e um pouco do conforto ocidental, como banheiros individuais para cada oca.
Os índígenas
vivem economicamente do cultivo e comércio de produtos agrícolas como o palmito, a pupunha; plantas ornamentais como orquídeas, bromélias e bastão do imperador
e o artesanato indígena que é a base principal de sua atividade. Os produtos comercializados são
responsáveis pelo desenvolvimento econômico da
comunidade e a renda obtida com o comércio dos produtos,
são investidos na complementação da renda
das famílias envolvidas na produção. Não há produção de excedentes. Toda caça e doações recebidas gentilmente, são divididas entre todos os membros do grupo em partes iguais.
Quando existe um problema de saúde, segundo depoimentos que colhi entre os indígenas habitantes locais, primeiramente procuram a ajuda do pajé da comunidade, que com seus métodos de cura, busca o equilíbrio físico e emocional do doente. Somente se o caso realmente não for resolvido, então o serviço médico da prefeitura é procurado.
Existe também uma escola de ensino fundamental, onde aprendem em sua língua, o guarani, e em português, que passa a ser introduzido, para as crianças após os 7 anos de idade.
A prática religiosa é uma constante, e todos os dias ao entardecer, as famílias se reúnem na "casa de reza" (local apropriado para as orações), e lá podem manifestar a sua fé, através de orações, canto e dança. Ao contrário do que se aprende nas escolas urbanas que frequentamos, que afirmam que a cultura indígena é politeísta, isso na verdade trata-se de um grande equívoco. Sua religião é monoteísta, acreditam num único Deus - Nhanderú, como é chamado - que se manifesta em todas as formas visíveis de vida."De uma coisa sabemos, que o homem branco talvez venha a um dia descobrir: o nosso Deus é o mesmo Deus" (trecho da carta do cacique Seatle ao governo americano em 1855).
O que nos leva a pensar que cultuam vários deuses, é o fato do indígena reverenciar todas as expressões de vida manisfestada por um único Deus. Todas as suas músicas e cantos são uma reverência a esse Pai-Mãe do Universo.
"Oh! Grande Espírito
- cuja voz eu ouço nos ventos,
e cujo alento dá a vida
a todos no mundo."
- cuja voz eu ouço nos ventos,
e cujo alento dá a vida
a todos no mundo."
(trecho de uma prece indígena)
Embora a cultura indígena tenha uma característica de inclusão muito grande, seus costumes são claramente observados ainda que muitas vezes tragam um colorido ocidental, como a TV, a antena parabólica e o jogo de futebol, que aos sábados praticam num campo reservado logo à entrada da aldeia.
Uma vez, perguntei como eles vêem essa "ocidentalização" iminente, tomando conta de sua sociedade.
Mariano, o índígena representante de sua aldeia perante o governo do estado de São Paulo, me sorriu e respondeu calmamente: "Aceitamos muito bem!" Pude perceber que essa "aceitação" existe, quanto aos confortos que a nossa tecnologia pode lhes proporcionar, mas jamais perderão sua identidade, facilmente percebida em seus rostos, em seu olhar para o mundo. Na forma como levam suas vidas, como vivem o dia de hoje com um agradecimento sincero no coração.
Em todo esse tempo em que tenho frequentado essa aldeia, jamais ouvi lamentações, nem queixas, mas tenho visto sorrisos no rosto dos pequenos que correm livremente no meio da lama e do mato, como quem fazem parte da natureza tanto quanto os pássaros que voam livres no céu. Jamais deixaram de ser indígenas, ainda que a aparência diga o contrário, e eu, absorvida, totalmente apaixonada pelo "indianismo", acabei me encontrando com laços dos meus antepassados e pude perceber que o sangue indígena ainda corre em minhas veias.
Fontes de pesquisa:
http://www.guiasaosebastiao.com.br/reserva.asp
Carta do cacique Seatle - 1855
CLASTRES, Pierre. Sociedade contra o Estado.
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